Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei:
"Não foi à aula?"
Ela respondeu: "Não, eu tenho aula à tarde".
Comemorei e disse-lhe : "Que bom; então, de manhã, você pode brincar, dormir até mais tarde".
"Não", retrucou ela, "tenho tanta coisa de manhã..."
"Que tanta coisa poderia você ter a fazer?", perguntei.
"Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina", e começou a elencar seu programa de garota robotizada.
Fiquei pensando: "Que pena", a Daniela não disse: "Tenho aula de meditação!"
Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.
Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, 50 anos atrás, 6livrarias e 1 academia de ginástica; hoje, tem 60 academias de
ginástica e apenas 3 livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação da alma.
Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos:
Fiquei pensando: "Que pena", a Daniela não disse: "Tenho aula de meditação!"
Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.
Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, 50 anos atrás, 6livrarias e 1 academia de ginástica; hoje, tem 60 academias de
ginástica e apenas 3 livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação da alma.
Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos:
"Como estava o defunto?". "Olha uma maravilha, não tinha uma celulite!"
Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?
A palavra hoje é "entretenimento"; domingo, então, é o dia nacional da"imbecilização coletiva".
A palavra hoje é "entretenimento"; domingo, então, é o dia nacional da"imbecilização coletiva".
Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela.
Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres tais como:
Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres tais como:
"Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!"
O problema é que, em geral, não se chega nem lá, nem cá, nem em lugar algum; Quem entra nessa desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista; Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.
O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor.
O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor.
Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis:
Amizades, Autoestima e Ausência de Estresse.
Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje em dia, constrói-se um Shopping Center.
É curioso: a maioria dos Shoppings Centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira
pelas calçadas...
Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela
musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas.
Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas, se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno...
pelas calçadas...
Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela
musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas.
Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas, se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno...
Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma grande sala chamada PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer e a mesma batata frita do Mc Donald...
Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas:
"Estou apenas fazendo um passeio socrático."
Diante de seus olhares espantados, explico:
"Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça
percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia" :
- "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz ! ".
Fonte: recebido por email
percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia" :
- "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz ! ".
Fonte: recebido por email
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